ESPORTES RADICAIS — ARBORISMO, ASA DELTA, PARKOUR

 

ESPORTES RADICAIS



ARBORISMO, ASA DELTA, PARKOUR

 


2019


➤   ARBORISMO

Chamado de “canopy” na língua inglesa, o arborismo literalmente significa dizer cobertura/toldo.

Convém, essencialmente, que se trate do âmbito dos conceitos para evitar confusão entre as modalidades “arborismo” e “arvorismo”. Desta forma, considera-se aqui:

– Arborismo: a prática de escalada em árvores;

– Arvorismo: passeios em trilhas instaladas em árvores. Neste caso, as árvores servem apenas como torres de suporte para equipamentos fixos, utilizadas em atividades lúdicas, esportivas e turísticas.

O arvorismo esportivo ou arborismo  é um esporte em que atletas têm que transpor obstáculos e superar desafios nas copas das arvores. Eles atravessam um percurso  que é preparado para que possam testar os limites do corpo. Neste percurso, que depende da modalidade de arvorismo esportivo praticada pelo atleta, ele atravessará a parte de cima das arvores auxiliado por cabos de aço e cordas, com o objetivo maior de aumentar o desafio e a adrenalina dos aventureiros.

Eis a essência do arborismo: escalada no elemento vivo, a árvore, que é o ponto central de toda a atividade. Podendo ser realizada portando-se equipamentos ou não. Entende-se, neste caso, que se utilizados equipamentos, estes são portáteis e não ficam na árvore por mais de algumas horas, durante sua utilização. Dependendo dos seus objetivos, é um esporte ou atividade física radical preservadora, também utilizada para estudos de fauna e flora das camadas mais altas da floresta.

O arborismo como atividade de aventura é algo relativamente recente. Foi no ano de 1997, especificamente na França e na Nova Zelândia, dois países referência em esportes de aventura, que o arborismo virou parte da indústria do turismo de aventura. No Brasil, a atividade chegou em 2001 e as primeiras plataformas de arborismo foram instaladas em cidades de forte potencial de ecoturismo, como Brotas, Analândia e Dourados.

Existem circuitos com diferentes graus de dificuldade. Os mais simples são formados apenas por trilhas onde os suportes para os pés são móveis e por isso exigem a sua concentração. Alguns, são mais desafiadores e além das trilhas, englobam paredes de escalada para chegar até as plataformas e paredões de rapel para descer novamente ao solo.

Equipamentos: Cadeirinha, mosquetões, capacete, luva, vagão, polia, cordas e sapatilhas de escalada, dependendo do circuito. Todos os equipamentos são fornecidos pelos operadores da atividade.

Recomendado: O arborismo é uma ótima atividade para crianças e adolescentes. Ele proporciona contato direto com a natureza. Lá de cima você se sente como parte do ambiente natural. Também é uma atividade que ganhou relevância no treinamento motivacional de equipes. O arvorismo ensina valores como superação de limites e trabalho em equipe.

Segurança: O arborismo é uma atividade que oferece poucos riscos. O praticante fica preso durante todo o percurso por equipamentos de segurança. O INMETRO possui uma certificação para a gestão do passeio de arborismo. As empresas certificadas possuem o selo do INMETRO.

➞    Onde praticar?

Existem dois grandes circuitos de arborismo no Brasil. O primeiro fica na cidade de Brotas, interior de São Paulo. O circuito envolve três tirolesas e foi o primeiro circuito de arborismo do Brasil. O segundo fica na cidade de Venda Nova, região serrana do Espírito Santo. O circuito possui 1,5 km de extensão e 194 obstáculos.

   Benefícios do arvorismo esportivo

Quem pratica arborismo sabe que o esporte pode trazer inúmeros benefícios. Além de ajudar a perder aqueles quilinhos extras, o arvorismo ajuda a colocar o corpo para trabalhar ao mesmo tempo em que a mente se beneficia com o contato com a natureza.

Além disso, o arborismo ainda dá aquela ajudinha aos seus pulmões já que os livra e afasta do ar poluído da cidade. O esporte também não é caro, o que ajuda na hora de escolhê-lo para colocar o corpo em movimento. Outro benefício que quem pratica arvorismo testemunha é a autoconfiança trazida para aqueles que buscam superar obstáculos.

 

   ASA DELTA

Asa-delta é um tipo de aeronave composta por tubos de alumínio, que proporcionam a sua rigidez estrutural, e uma vela feita de tecidos, que funciona como superfície que sofre forças aerodinâmicas, proporcionando a sustentação da asa-delta no ar. A origem deste nome, asa-delta, deu-se pela semelhança da letra grega delta, que tem forma de triângulo, como o formato da asa desta aeronave.


No final do século VI, os chineses construíram pipas gigantes com aerodinâmica suficiente para sustentar o peso de uma pessoa de 80 kg. Foi apenas questão de tempo para que alguém decidisse simplesmente remover as linhas e ver o que aconteceria. O alemão Otto Lilienthal é considerado o pioneiro, pois desde 1871 se dedicava a construção de planadores que ele mesmo testava em um monte construído por ele e sua equipe nas proximidades de Berlim. O estadunidense Francis Rogallo participou de um programa pioneiro da NASA que pretendia criar um paraquedas direcionável. Dos estudos que realizou, Rogallo criou uma aeronave que possuía uma estrutura metálica apoiada em um triciclo. No Brasil, Luis Claudio Mattos é considerado o precursor.

  Recordes mundiais

Voo de Otto Lilienthal em 1895.


O recorde mundial de distância em asa-delta foi alcançado pelo piloto norte-americano Dustin Martin, no dia 4 de Julho de 2012. Decolando rebocado por aeronave ultraleve (aerotowing), pouco antes de dez horas da manhã, da remota cidade de Zapata (Texas, EUA), próximo à fronteira com o México e pousando às dezenove horas, nos arredores de Lubbock (Texas, EUA) para uma distância total em linha reta de 764 km. Neste mesmo dia, John Durand Jr., piloto australiano, voou praticamente a mesma rota ao lado de Dustin Martin e, por ter pousado alguns minutos antes, obteve 761 km, sendo detentor do recorde mundial durante poucos minutos. O recorde anterior era de 700,6 km executado pelo piloto austríaco Manfred RUHMER do mesmo local, em 2001.

  Brasil

No Brasil a maior distância percorrida por uma asa-delta foi obtida pelo piloto brasileiro Eduardo Fernandes, em 15 de Outubro de 2013, decolando da cidade de Tacima (Paraíba) e pousando próximo à cidade de Santa Quitéria (Ceará) para uma distância total de 576 km. O recorde brasileiro de Eduardo Fernandes também constituiu o novo recorde Sul-Americano da modalidade e, cabe destacar, é o voo mais longo já realizado de uma decolagem de montanha em todos os tempos, em nível mundial. Para dar uma melhor dimensão ao feito de Eduardo Fernandes, nota-se que, ao contrário dos recordes obtidos em voos a partir de Zapata, os quais sempre são realizados com ajuda de avião rebocador durante a decolagem até uma altitude inicial limite de 800 metros acima do solo, a rampa natural para decolagens de Tacima tem apenas cerca de 150 metros de desnível, o que faz do início do voo um momento crítico e muito difícil. A decolagem para o voo do recorde foi realizada entre 7:30 e 8:00 horas da manhã e o piloto permaneceu em voo durante cerca de 10 horas, pousando pouco antes do por-do-sol. O recorde anterior havia sido obtido pelo piloto gaúcho André Wolf decolando da cidade de Caçapava do Sul e pousando na Argentina, próximo à cidade de Mercedes, Província de Corrientes para uma distância total em linha reta de 495 km. O recorde anterior era de 452 km, pelo mesmo piloto, decolando da cidade de Quixadá no Ceará em 2007. Antes disso o recorde foi do brasileiro "Fernando DF" com 437 km, decolando da cidade de Patu no Rio Grande do Norte.

O Brasil, foi campeão mundial de asa-delta por equipe em 1999 e continua sendo um dos países do mundo com maior nível técnico e de praticantes. Os principais eventos e campeonatos de asa-delta estão listados no calendário da Federação Internacional de Aviação (FAI).

 

   PARKOUR


A palavra é um jeito diferente de escrever parcours – “percurso” em francês. O objetivo do parkour é se deslocar de um ponto a outro (daí o nome) de modo rápido e direto, sem desviar de obstáculos como muros, vãos ou carros. Eles devem ser transpostos com manobras que envolvem saltos, escaladas e nenhum equipamento além do próprio corpo. O espaço ideal para a prática é a paisagem urbana.

O parkour surgiu na França, nos anos 1980. O pioneiro David Belle, criado em uma família de bombeiros, se inspirou em técnicas de salvamento e fuga de emergências. Para não hesitar e cometer erros potencialmente fatais, o traceur precisa aprender a controlar o medo. “O preparo mental é tão importante quanto o físico”, diz Eduardo Bittencourt, do grupo Le Parkour Brasil, fundado em 2004.

Existem técnicas específicas que marcam o Parkour como esporte: saltos, rolamentos, aterrissagens e equilíbrio. Segue uma lista com os principais movimentos:

1) Saltos:

- Salto do gato: Quando o objetivo é pendurar e se fixar em algum lugar;

- Drop, Kitty: Quando, após um salto, o traceur deixa seu corpo cair levemente em direção a um lugar mais baixo;

- Salto com distância: Salto com a intenção de locomover o corpo de um local a outro, atravessando uma fenda. É geralmente seguido de um rolamento no solo;

- Salto de precisão: Salto que requer muito equilíbrio, pois ocorre quando o praticante passa de um local em que está imóvel a outro, para também permanecer estático. Geralmente são feitos de locais pequenos para locais pequenos, por isso o nome “precisão”;

- Passagem de obstáculo reversa: Salto em que as duas mãos são utilizadas como apoio no solo, enquanto o corpo faz uma volta de 360 graus.

2) Desmonte: Quando o praticante se solta do seu local para outro;

3) Aterrissagem: Queda branda com o intuito de minimizar lesões;

4) Equilíbrios:

- Simples: Manter o corpo sobre locais de pequeno apoio;

- Equilíbrio do Gato: Manter o corpo sobre local de pequeno apoio em quatro apoios, ou seja, imitando um gato;

5) Passagem por baixo da barra: Quando o praticante faz a passagem por baixo de locais baixos;

6) Passagem de Muros: Impulsão com os pés na parede, para se agarrar no topo e, depois, fazer o movimento de subida;

7) Subida: subir em algum local, sem o auxílio das pernas, apenas a partir das forças dos braços.

Com o advento da internet e a explosão digital mundial, o parkour tornou-se um fenômeno mundial, porém, a maioria das pessoas ainda desconhece o que vem a ser a prática. Muitos dos novos praticantes adentram a prática instigados por vídeos na rede mundial, entretanto, esses vídeos em sua maioria tem pouca ou nenhuma qualidade de informação,nas palavras de Charles Moreland: "[...] eles são terríveis, a maioria deles são horríveis!". Ainda, é possível lembrar das palavras do fundador da modalidade, David Belle em uma entrevista para o canal FreerunningTV.com, onde diz o que pensa acerca dos vídeos em geral sobre parkour disponíveis na rede: "[...] a maioria só esta interessada nas aparências, eles querem se exibir [...]". Embora existam diferentes discursos e interpretações, existe atualmente uma dicotomia entre os grupos que procuram preservar a essência original do parkour e aqueles com uma mente "mais aberta" que defendem uma nova roupagem para a modalidade, ressaltando a evolução da mesma no decorrer dos anos como algo natural, motivo que veio a causar disputas de poder e momentos de tensão na comunidade mundial. Sobre a transmissão de conhecimento do parkour para as futuras gerações, o praticante Valentin Dubois, do grupo Parkour Lyon ressalta que: "[...] quando você ensina parkour a alguém... você não pode força-los a pensar como você", assim sendo torna-se algo muito complicado tentar imbuir os valores pessoais dos praticantes mais antigos na nova geração, a qual enxerga a modalidade sob um novo espectro. Essa mudança drástica tem causado não somente discussões acirradas, mas também conflitos de ideias e da forma como se encontra a prática na atualidade, a qual torna-se quase irreconhecível por pessoas que se espelham nos vídeos mais antigos, embora muitos outros praticantes estejam produzindo conteúdos de seus próprios modos de ver o parkour, mas ao realizar uma análise visual, é notória a mudança, tanto na movimentação quanto no pensamento dos praticantes.

  Equipamentos

O parkour oferece grande liberdade de movimento e custo mínimo para ser praticado, sendo recomendados (embora não obrigatórias) roupas e calçados que sejam confortáveis para os praticantes como:

 Calça de moleton;

 Bermuda;

 Camiseta leve;

 Tênis que seja confortável e de sola preferencialmente emborrachada para ser mais aderente (entretanto, alguns praticantes treinam descalços).

Não são utilizados protetores de cotovelo, protetores de joelho, capacete ou luvas para a prática. O objetivo é conhecer e fortalecer o próprio corpo, pois este já oferece todas as possibilidades de salva-guarda necessárias para a prática da modalidade. Propõe-se inclusive que deve haver treinos sem calçados e com os pés em contato direto com as superfícies onde se pretende treinar para melhorar a sensibilidade com a qual os movimentos são realizados.

 

  Competições

Devido ao seu crescimento desenfreado, o Parkour tornou-se objeto de desejo da mídia, de grandes empresas, de negócios e com o tempo tornou-se objeto de espetacularização. Dessa forma foi inevitável que surgissem concepções sobre formatos de competições para a a prática com diferentes objetivos e formas de propagação. O aspecto competitivo do parkour embora imbuído essencialmente em seu âmago, ou seja, no pensamento de que o único a ser desafiado, o único contra quem deve-se competir é o próprio praticante, em um embate pessoal contra suas limitações e medos tomou rumos diferentes com a propagação do método mundo afora. Novas ideias e concepções fluíram pela mente de praticantes mais jovens, ávidos por um novo desafio ou pela busca do reconhecimento fornecido pelas mídias e empresas que observaram possibilidade de obtenção de lucro com tal modalidade, porém a somatória de tal pensamento causou tumulto no mundo do Parkour, dividindo opiniões.

Nos últimos anos tem sido uma tendência a nível nacional, ainda que em desenvolvimento, de esportivização da prática, e dessa forma já foram realizadas quatro competições, todas na cidade de São Paulo (Art of Motion, 2011; Desafio Urbano, 2014/15, 2015/16 e 2016/17). Entretanto, grande parte dos praticantes não consente com esta tendência realizando protestos como o Disaster of Motion e manifestos tanto em redes sociais quanto pessoalmente contra estas competições. Essa negativa ocorre pela desaprovação na criação de elites as quais vem a causar uma distinção entre os participantes (Marque apud Chagas, Rojo e Girardi, 2015, p. 24).

 

Embora os defensores do aspecto competitivo preguem que não existe um sistema divisor entre os praticantes, que todos são iguais e que não existem elites, dentro das competições, exercer pressão ou ser pressionado é uma afirmação e uma imposição. Claramente, nas competições de Parkour o objetivo é se afirmar e impor como superior ao outro.

   Finalizando

Embora existam diversos discursos, inúmeras fontes de informação e um sem-número de praticantes espalhados pelo mundo, é necessário ter discernimento para entender a modalidade, a qual vem passando por adaptações e modificações ao longo dos anos. Buscas minuciosas por documentários, livros e produções de cunho científico podem trazer muita informação proveitosa, enquanto utilizar-se de qualquer fonte como vídeos produzidos por canais do youtube ou blogs (com raríssimas exceções como os vídeos da série Parkour Literally) em sua maioria, podem vir a elevar o grau de confundimento da prática, repassando informações sem proveito algum.

O Parkour é uma prática saudável, pode ser considerado um esporte ou até mesmo um jogo, tem várias influências ginásticas e pode ser praticando em qualquer ambiente e por pessoas de várias idades, desde crianças até idosos, basta lembrar que deve ser uma prática responsável, visando uma melhor qualidade de vida e a própria saúde e, quem sabe, futuramente, níveis atléticos.

 

 

    BIBLIOGRAFIA

  WIKIPEDIA. https://pt.wikipedia.org/wiki/Arborismo

  DESVIANTES. https://desviantes.com.br/blog/post/o-que-e-arvorismo-equilibrio-e-concentracao/

➞ FREESIDER. https://freesider.com.br/esportes-radicais/saiba-tudo-sobre-o-arvorismo-esportivo/

  WIKIPEDIA. https://pt.wikipedia.org/wiki/Asa-delta

  WIKIPEDIA. https://pt.wikipedia.org/wiki/Parkour#Competi%C3%A7%C3%B5es

  SUPER ABRIL. https://super.abril.com.br/historia/o-que-e-parkour/

  BRASIL ESCOLA. https://brasilescola.uol.com.br/educacao-fisica/parkour.htm

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