ENSINO À DISTÂNCIA E SEUS IMPACTOS A UMA ESTUDANTE TERCEIRANISTA EM MEIO À PANDEMIA

 CARTA DE INSATISFAÇÃO 





21 de junho de 2020, Pernambuco.

 

Ensino à distância e seus impactos a uma estudante terceiranista em meio à pandemia

 

Tudo começou de forma improvisada para nós, estudantes que costumavam assistir aulas presenciais; foi algo novo para todos, algo novo e incerto. A coordenação conversou conosco através do grupo no WhatsApp e foi estabelecido aulas online através da plataforma Zoom e atividades por meio do Classroom. Não, não é nem um pouco parecido com as videoaulas super elaboradas do YouTube que contam com uma imensa equipe por trás. Não há nem quadro; no máximo um slide para guiar o professor. Porém, sabemos que eles estão fazendo o seu melhor: o que podem e até o que não podem.

Os primeiros dias que passaram puderam até atuar que algo estava funcionando, entretanto, com o passar dos dias, todos foram percebendo, gradativamente, que não dá pra esconder o que está evidente: não está dando certo. De um lado, alguns conseguem absorver o assunto e realizar as atividades, restando poucas dúvidas a serem esclarecidas; do outro, há um abismo crescente que não dá pra fazer uma ponte apenas com respostas copiadas e coladas do brainly. O que os alunos chamam de ajudar uns aos outros, eu chamo de brincar de contar mentiras para si mesmo, não há ilusão maior.

Além disso, recebi uma mensagem no grupo da sala: as provas já possuem data marcada: como se elas realmente fossem mostrar algum tipo de rendimento do aluno – todos sabem que os livros são cheios de conhecimento e a maioria das respostas virá de lá, não dos alunos –, infelizmente. Falar tudo isso não é nada fácil, pois sinto que falo o óbvio que ninguém está tendo coragem de falar. Entendo que os professores obviamente precisam de salário para sobreviver, mas eu também estou entendendo o porquê das aulas já terem sido canceladas há muito tempo nos outros países, como o Canadá, por exemplo, que cancelou o ano letivo no início da pandemia, antes mesmo de tomar as proporções atuais. No entanto, é outra realidade, não é?

Não surpreendente, estão prevendo a volta às aulas em julho, ou seja, um suicídio coletivo – me perdoe o pesar nas palavras. Mas é lamentável ver toda essa precariedade ao meu redor e não poder fazer muita coisa a não ser continuar do jeito que está: ligando a câmera, fazendo anotações, entregando atividades e fingindo que está tudo excelente, inclusive meu rendimento. Definições? Incômodo e impotência resumem. Contudo, verás que um filho teu não foge à luta, nem teme, quem te adora, a própria morte. Verás que em meio a toda essa pobreza de infraestrutura, de preparo, de orientação, e até mesmo em meio à pobreza de certezas, continuaremos lutando, estudando, dando o melhor de nós para honrar aqueles que estão atrás da tela e aqueles que nos criam com tanto esmero na esperança de construirmos um futuro melhor através de nós.

 

Emilly Aguiar

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