A
MORADA HUMANA E OS DILEMAS AMBIENTAIS
2019
Ao
afirmar a Terra é uma morada, ela é considerada como algo mais do que apenas um
planeta; ela passa a ser sinônimo de “casa”, lugar de aconchego, segurança,
intimidade e acolhimento. No entanto, a expansão industrial e a ideia do
desenvolvimento acelerado se sobrepõem às reflexões de suas consequências à
vida humana e ao sentido de que o planeta em que os seres humanos vivem tem seus
limites e seus recursos não são infinitos como já se pensou um dia.
Na
década de 1960, diversas manifestações ganharam visibilidade e força política
ao redor do mundo. Em meio a diferentes pautas, a preocupação com o meio
ambiente vem ganhando mais visibilidade e espaço na sociedade, principalmente
nos países capitalistas mais industrializados. No Brasil, esses movimentos
começaram a surgir na metade da década de 70, porém ganharam mais força e
visibilidade a partir dos anos 90.
Continuando
por 1960, que ficou conhecida como “década da conscientização”, a pressão de
movimentos ambientalistas ajudou na tomada da decisão política de intensificar
os programas de despoluição do rio Tâmisa, que passa pela cidade de Londres. Em
contrapartida, a contaminação da baía de Minamata, no Japão, em 1956, na qual
foi despejado mercúrio, causando contaminação e mortes, teve grande
repercussão. Surgiram livros, documentos e reportagens alertando sobre os males
que o uso indiscriminado de produtos químicos poderia causar.
Atualmente,
a crescente preocupação com a qualidade com a qualidade de vida e com a
degradação ambiental levou ao desenvolvimento de diversos estudos e à criação
de conceitos que ajudam a entender suas relações.
É
bastante comum os termos ecologia e meio ambiente, ou ecológico ou ambiental,
serem usados como sinônimos. Na verdade, a diferença entre eles é muito tênue.
Embora estejam fortemente relacionados, há diferenças no significado e no que
tange à origem dos termos. Ecologia é uma ciência criada na segunda metade do
século XIX, enquanto ambiente é o meio que envolve os seres vivos. Normalmente,
o termo está ligado à causa ambiental e diz respeito a movimentos políticos
organizados com a finalidade de criar projetos e ações em defesa da natureza.
Cientistas
e outros profissionais consideram que os impactos são ambientais e sociais, por
isso denominam-os de impactos socioambientais. Por isso, buscam soluções para
minimizar as ações humanas que degradam a natureza. Há, também, setores da
sociedade civil que afirmam serem completamente excludentes a preservação do
ambiente, o sistema capitalista e a ideia desenvolvimentista. Nesse contexto,
surgiram organizações ambientais de
cunho governamental, intergovernamental e não governamental (ONG’s).
w As governamentais são criadas pelo
governo. No Brasil, por exemplo, temos o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA).
w As intergovernamentais são formadas por
representantes de governos de diferentes países, como o Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
w Já as ONG’s são organizações da sociedade
civil sem fins lucrativos, como o Fundo Mundial da Natureza (do inglês, WWF –
World Wildlife Fund).
É
possível classificar esses movimentos em duas macrovertentes: uma que defende a conservação e a outra, a
preservação da natureza.
w Conservacionistas: para essa vertente é preciso
conservar a natureza para que possamos utilizar seus recursos naturais de forma
controlada e eficiente. Na base das principais ações está a necessidade de
mudança de hábitos na vida cotidiana.
w Preservacionistas: defende que toda ação causa
impacto ambiental e é essencialmente nociva ao ambiente. Critica o capitalismo,
alegando de que o valor da vida animal é intrínseco, portanto deveria ser
preservado e protegido, isto é, intocado pelo ser humano, e não encarados como
recursos para a sobrevivência da humanidade.
Para
alguns movimentos ambientalistas, a vida humana deve ser o centro das
preocupações (antropocentristas); para outros, deve ser a própria natureza
(ecocentristas).
Pesquisadores
apontam que, no atual estágio de desenvolvimento da economia mundial, o consumo
de recursos naturais atinge um nível de aproximadamente 30% a mais do que a Terra
é capaz de repor. Trata-se de todos os tipos de recursos naturais, renováveis
ou não. Alguns cientistas afirmam que o petróleo, recurso não renovável, se
esgotará ainda neste século.
O
conceito de desenvolvimento sustentável surge com o Relatório Brundtland
(1987), que define como “desenvolvimento que atende às necessidades do
presente, sem comprometer a capacidade de as futuras gerações suprirem suas
próprias necessidades”. Com isso, o relatório destacou a integração harmônica
entre três componentes:
w Proteção
ambiental;
w Crescimento
econômico;
w Equidade social.
Na
prática, o desenvolvimento sustentável encontra dificuldades para se viabilizar
na maioria dos países, procurando vincular estreitamente a temática do
crescimento econômico com a do meio ambiente.
Na
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92),
175 países reconheceram a relevância de sistemas nacionais de Unidades de
Conservação (UC’s) para proteger o ambiente em cada território. O Brasil criou
o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Existem dois grandes
grupos de unidades de conservação:
w Unidades de conservação de proteção integral: preservam os
ecossistemas com mínimas alterações possíveis.
w Unidades de conservação de usos sustentável: conservam-se
os ecossistemas, buscando conciliar a preservação da diversidade biológica e
dos recursos naturais com seus usos de forma sustentável.
Em
1990, o grupo dos sete países mais industrializados do planeta (G7) propôs a
criação do Programa de Proteção das Florestas Tropicais (PPG7). No Brasil, o
Governo federal e grupos da sociedade civil, em parceria com a comunidade
internacional, criaram o Projeto Corredores Ecológicos, que compõem o PPG7, com
vistas à proteção e ao desenvolvimento sustentável da Amazônia e da Mata
Atlântica. Os Corredores Ecológicos são grandes áreas florestais consideradas
biologicamente prioritárias e viáveis para a conservação da biodiversidade. São
compostos de unidades de conservação, terras indígenas e áreas de contato entre
elas.
“Quando
a última árvore tiver caído,
quando o último
rio tiver secado,
quando o último
peixe for pescado,
vocês vão
entender que dinheiro não se come.”
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